A COMPANHIA

A Seiva Trupe

A Seiva Trupe – Teatro Vivo, CRL é hoje uma cooperativa, oficialmente fundada a 11 de Setembro de 1973 enquanto ‘sociedade artística’ (figura jurídica entretanto desaparecida) por António Reis, Estrela Novais e Júlio Cardoso, na cidade do Porto, onde à data, como única companhia de teatro profissional com atividade contínua, só existia o Teatro Experimental do Porto.

Vivia-se uma época, potenciada logo a seguir ao 25 de Abril, em que o teatro se apresentava de Terça a Domingo, casa cheia a casa cheia, com a Seiva Trupe a percorrer salas de todo o tipo, de Aveiro a Melgaço, do Porto a Miranda do Douro. Além dessa vocação para a digressão, a jovem Companhia, pelo reportório e modo de estar era um verdadeiro exemplo do chamado Teatro Independente, que nascera uns 15 a 20 anos antes na América Latina e, depois, em Espanha. Caracterizada desde o primeiro dia, por não querer ser um projeto de autor, por ali passaram muitos e grandes encenadores como Pere Planella (mais tarde diretor do Instituto de Teatro de Barcelona), João Guedes, Ulysses Cruz (brasileiro e discípulo dileto de António Fagundes), Joaquim Benite e outros, além do próprio Júlio Cardoso; e autores como Brecht e Shakespeare e outros menos conhecidos, como o mexicano Luis Valdez, do ‘Teatro Campesino Chicano’, que fazia furor no teatro alternativo norte-americano.

A sua ligação, mais ou menos permanente, à latinidade hispano-ibérica, viria a ditar a criação do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica), inicialmente associado também ao Teatro Experimental do Porto, depois durante anos a fio garantido pela Seiva Trupe, até, por vontade desta e pela dimensão e absorção de tempo que adquirira, se ter tornado uma entidade própria, atualmente e desde a primeira edição uma referência nacional e internacional. A par da sua vontade – e prática – de “fazer um teatro novo para um público novo”, foi consolidando a sua presença no Porto, sem abdicar das digressões, acabando por, em 1975, se estabelecer num velho barracão, que recuperou e adaptou para a prática do teatro, em plena Rua do Campo Alegre, a que deu o nome de Teatro do Campo Alegre, com um público sempre crescente.

O ano de 1982 foi assinalado com a estreia do espetáculo “Um Cálice do Porto”, um texto de Benjamim Veludo, Manuel Dias e Norberto Barroca, resultado de uma experiência de café-concerto e do reavivar da tradição da Revista à Portuguesa, tratada com inovadores cânones. Este espetáculo, voltado para a História e costumes do Porto, esteve em cena 2 anos com lotações esgotadas, sendo um dos maiores êxitos da Companhia (e de Portugal), que projectou e consolidou a sua popularidade. E muito embora se aproximasse de um teatro mais ‘ligeiro’, nem com este, nem com outros espetáculos, a Seiva Trupe se afastaria da ideia permanente de cumprimento de um Serviço Público Cultural, onde de par com a criação de Arte, estivesse subjacente um projeto pedagógico de captação, fixação e formação dos públicos.

Tempos depois, faz um acordo com a Universidade do Porto e participação da Câmara Municipal do Porto (CMP) para cedência daquele velho barracão, espaço reconhecido e amplamente frequentado pelos públicos, a troco de um novo Teatro do Campo Alegre, pensado e construído para albergar a Seiva Trupe, cuja própria arquitetura e equipamento foram sempre acompanhados do parecer e sugestões da Companhia até ao mais ínfimo pormenor, facto desconhecido de muitos, mas que importa ficar registado. Trata-se do edifício sito no Rua das Estrelas, junto ao Campus Universitário do Campo Alegre, , que recentemente foi agregado como parte do complexo do Teatro Municipal. Por ali, anos a fio foram apresentados espetáculos memoráveis, inúmeros e inolvidáveis êxitos, no mesmo espírito e timbre das raízes da Companhia, caracterizados por um leque de opções estéticas muitíssimo aberto. Lembramos a abertura do Teatro do Campo Alegre com “O Trapezista Azul”, texto do autor portuense Mário Cláudio, propositadamente escrito para o efeito, com estreia em 1997.

Porém, em 2013, num processo muito polémico, aquando da presidência de Rui Rio na CMP, a Seiva Trupe é despejada do Teatro a que ela mesma dera origem. Actualmente, já com Rui Moreira na presidência da Câmara, este processo encontra-se encerrado por decisão da novel Direção Artística de Castro Guedes, convidado para tal pelo próprio Júlio Cardoso. A saída forçada da Seiva Trupe daquele Teatro tornou irrecuperável mais de metade do acervo de guarda-roupa, cenários e até documentação, tudo depositado num armazém da PSP, entre outros danos, morais e de perda de públicos. Estes, muitas veze não sabiam sequer onde ‘encontrar-se’ com a ‘sua’ Seiva Trupe.
Entretanto, quase em simultâneo, à entrada do segundo decénio do Século XXI, já a Seiva Trupe começara um processo de procura de adaptação a novas linguagens e à própria transformação do Porto e do País, vivendo momentos de grande esplendor e felicidade, mas que, como em todos os projetos de tal monta, ditaria outros momentos menos conseguidos, numa ‘crise de crescimento’ que nem sempre permitia, perante a exigência do seu público sedento de mais e mais espetáculos, a maturação e reflexão aprofundadas dessa procura de renovação . Todavia, nem por um instante, a Seiva Trupe deixou de priorizar a criação, na noção de um verdadeiro Serviço Público Cultural passível de ser traduzida em objetos cénicos de Arte e da tal pedagogia da formação dos públicos. Este panorama – acrescido da inexistência de um lugar próprio – trouxe ainda mais danos, comprometendo esse caminho de procuras e esperanças, num enfraquecimento generalizado da sua vida, embora sempre resistindo estoicamente às adversidades.

É neste quadro que só em finais de 2021 se poria cobro à degradação que a situação provocara, graças à instalação de residência da estrutura, por protocolo com o Centro de Caridade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (cuja designação, ainda que não finalizada do ponto de vista formal, passou a ser Perpétuo Educação e Cultura), que a recebe de braços generosamente abertos. E para o qual, muito por intervenção directa da Seiva Trupe, a CMP, na figura do seu Presidente, Rui Moreira, se comprometeu a fazer obras de adaptação e dotação orçamental de custo nada despiciendo.

É naquele complexo de vários edifícios que, para estes efeitos de prática cénica, se encontra, como eixo axial, a Sala Estúdio Perpétuo, que estivera encerrada a público quase 30 anos e onde além da Companhia outras actividades de vários sectores culturais acontecem. Mas, além disso, é lá, nesses edifícios, que estão a sala de ensaios, o escritório e um pequeno armazém para material de uso próximo, que estão destinado, estes em exclusivo, à Seiva Trupe.
A Sala Estúdio Perpétuo, na Rua de Costa Cabral, 128, fica situada numa das zonas mais interessantes – pela pouca oferta cultural nas proximidades que, seguramente, corresponde e é uma (ou mesmo a) de maior densidade populacional na cidade – fica no limite entre as freguesias do Bonfim e de Paranhos. Nela começando um período de novo alento da Seiva Trupe, com resultados positivos de recuperação e conquista de novos públicos – ainda sem que as referidas obras e equipamento se tenham iniciado, por razões da complexidade burocrática, normal nestas coisas – mesmo assim, presta-se a uma prática de palco minimamente aceitável, entre o que há maioritariamente, e é um local aprazível para o público, servida por plateia e balcão. Foi aí que a Seiva Trupe se apresentou pela primeira vez no Dia Mundial do Teatro, a 27 de março de 2022. E onde, uma vez concluído o processo de remodelação e dotação de equipamento de ponta, vai transformar-se no mais bem equipado e apetecível espaço cultural na chamada Zona Alta do Porto.

Mas, voltando atrás, rebobinando memórias, durante esta longa caminhada de 50 anos, a Seiva Trupe nunca perdeu a jovialidade e o sentido de inovação para além das fronteiras da sua atividade principal, que é a da produção de espetáculos de teatro. Foi ela, Seiva Trupe, quem lançou o Fitei, nas circunstâncias já referidas, criou os Prémios Seiva para distinguir vultos do Porto nas áreas da Ciência, Artes e Letras, organizou o primeiro Festival de Rock Português, sessões de poesia e de mais música e tanta outra coisa, incluindo a abertura do processo que dá origem a esta nova sala aqui referida, que seria uma lista por demais longa para este espaço. Mas nesta panóplia de iniciativas, realce-se ainda o capítulo da formação teatral – antes de existirem Escolas de Teatro no Porto (lembrando que à fundação da primeira, a Academia Contemporânea do Espetáculo, também estiveram associados a Companhia e o seu Diretor Júlio Cardoso). Esta atividade de ‘fornadas e fornadas’ de atores no Porto, que saíram de Cursos e do seio da própria Companhia é de tal modo que, direta ou indiretamente, novos atores formados por professores que se iniciaram, ou quase, na Seiva Trupe e/ou outros actores, encenadores e técnicos que por ela passaram, ainda hoje permite dizer-se que bem mais de metade dos que estão hoje ‘em cena’ no Porto (e muitos no Norte em geral) têm o destino ligado à Seiva Trupe.

Além disso, pelo seu prestígio, a estrutura é detentora de vários prémios e condecorações, de onde se podem destacar o reconhecimento em 1993 como Entidade de Utilidade Pública; a 26 de março de 2010, aquando das comemorações do Dia Mundial do Teatro, a condecoração, pelo Presidente da República, com o grau de Membro-Honorário da Ordem do Mérito; e mais recentemente distinguida pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego pelas boas práticas na promoção da Igualdade Remuneratória entre Mulheres e Homens.
Do mesmo modo e por tudo isto, se se escolher indistintamente de forma inter-classista e mesmo etária, umas 10 pessoas no Porto para perguntar se conhecem a Seiva Trupe, seguramente 7 ou 8 dirão que sim e de entre elas, pelo menos umas 4 ou 5 já viram pelo menos um ou mais dos seus espetáculos, razão pela qual não é exagero considerá-la como um emblema do Porto, na sua medida cultural e particularmente teatral, junto ao Futebol Clube do Porto no desporto e ao Mercado do Bolhão no comércio, no grau de popularidade e sentido de pertença da cidade, que adquiriu.

Talvez por isso, mesmo de outras paragens, a Seiva Trupe, atingiu uma tal projeção nacional e internacional, que é e será sempre, como disse o ex-Reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa, tão presente no coração da cidade que “é inimaginável o Porto sem a Seiva Trupe”.

Linhas Programáticas

Desde que, Júlio Cardoso, nos finais de 2018, convidou Castro Guedes para lhe suceder na Direcção Artística da Seiva Trupe – Teatro, e, formalmente, este passou de jure et de facto, a 2 de Abril de 2019, a assumi-la, logo determinou como divisa aquilo a que chamou “A Política dos 3R: Respeitar o passado, Renovas no Presente, Rumar ao futuro”. É o que se julga que foi ficando claro desde então: quer na produção, quer na re-captação e criação de novos públicos, quer no elevado número de parcerias e acordos.

Mas, sobretudo, culminando no regresso a instalações próprias de residência, coisa a que se comprometera publicamente realizar (em Conferência de Apresentação na Casa Allen), no prazo de 5 anos, sem o que consideraria falhado um dos desígnios prioritários a que se propusera; e disponível para ser outra DA a prosseguir a renovação para rumar ao futuro. Só que se o conseguiu em pouco menos de 3 anos, mesmo sem descontar as paragens derivados da pandemia do covid. 

Já, porém, um outro propósito que se abraçou como segundo desígnio, está reconhecidamente muito comprometido, dadas as condições e tendências do poder político, e da própria classe nesta matéria, para um teatro estruturado e estruturante que integre as suas linhas programáticas: conseguir reconstruir até Março de 2032, uma Companhia, que é o nome que anda por aí espalhado, mas nada tem a ver com o que é de facto uma Companhia. Uma Companhia, mesmo em pequena dimensão, tem de ter, pelo menos, um elenco fixo de 10 ou 12 actores e actrizes (mesmo que renovável a 20% anualmente), um quadro técnico de 4 a 6 profissionais da área, uma equipa de produção e administração igual, além das direcções artística, técnica e de gestão; é uma estrutura que tem de estar pronta para manter em reportório alguns espectáculos (por 4 ou mais anos), realizar anualmente um mínimo de 3 ou 4 novas criações ‘de fundo’; manter em paralelo iniciativas que impeçam que as portas não estejam abertas mais de 15 dias a 18 dias consecutivos, tirando algum período de excepção (como férias ou obras). Por isso, uma Companhia não pode deixar de ter sala de residência própria e fazer uma série razoável de sessões (entre produções de fundo ou eventos performativos que somem mais de um total de 150 sessõe anuais. E que, a par da continuidade de elencos como se referiu, seja capaz de integrar anualmente, um novo profissional, que seja recém-licenciado. Uma Companhia não pode deixar de, assim, estar orientada para perspectivas de programação central com a antecedência de 3 anos ou mais. Esta ideia de Companhia – ou de início da sua formação de forma inequívoca – é também uma condição sine qua non para não se ter por abortadas as missões a que esta esta Direcção Artística se propôs, nem que seja (e naturalmente até o será) na sequência de outras) pessoa(s) na continuidade destas linhas programáticas para concluir o próximo decénio. Mesmo que se saiba parecer uma proposta completamente mirifica, é um propósito para que se não desiste de caminhar, quando se olha para realidade de hoje, não se desiste, como também se não desistiu (e se alcançou mais cedo do que o período a que se auto-propusera para isso), a reconquista de Sala de Residência. 

Outra ideia, provavelmente sua substituta ou pré-condição para lá se chegar, é a questão de “Fazer Carreira”. Coisa esquecida e diluída em políticas de evento, mas que integra, como sempre foi, desde a ideia original da Seiva Trupe, uma ‘obrigação’ para prosseguir prestando um Serviço Cultural Público, a que o Estado não dá resposta bastante, mas alguns grupos intrépidos não desistem e mantêm. E que, digamos, é outra base da pirâmide que se quer consolidar e que já se começou a construir. Embora não tendo antes sido calendarizado o máximo tempo para o atingir, nem outras ‘numerificações’.

Achamos que em se lá chegar, é o próprio sentido de cumprimento central de um Serviço Público Teatral. Nã0 porque projectos de natureza o não possam ser também (incluindo os de mera experimentação para pequenos nichos de público), mas porque é de um eixo-base assim, aquilo a que se deve dar prioridade quantitativa e de expressão na própria coesão territorial.

Todavia, se hoje ultrapassar as 3, 4 ou sessões sequenciais se tornou pouco habitual, de forma transversal, a Seiva já o tem feito com 10, 12, 5 essões… A médias de 100, 120, 150… E aqui se traduz agora (em 27 de Março de 2023) em número de ‘compromisso de mais um propósito’: em 4 anos, a contar de 2024, chegar tendencialmente às 20/24 representações, com médias superiores às actuais em 20% ou mais..

Sem termos mensuráveis (e que por ora se não quer apresentar muito definidos, mesmo já o estando pensados), há outros propósitos  de chegar aos mais jovens que acompanham a consecução, no mínimo, nos anos próximos de se ter construído a tal mini-Comapanhia: a criação de espaço próprio na programação, onde caibam, de forma autónoma nas escolhas dos próprios autores, projectos emergentes de uma forma continuada para gerar novas estruturas sustentáveis.

No que toca ao reportório na captação dos públicos mais jovens, podemos dizer que queremos expressar-nos, nos anos mais próximos (depois se repensará em função da realidade e do amanhã aonde queremos chegar na véspera),  realizando 2 produções mais ‘de fundo’ (pilar dos números antes referidos como metas) sendo 1 deles ou mais 1, igualmente tratado com a mesma seriedade, especialmente vocacionada para a juventude, que não a infância, que isso exige outra vocação e especialização que não é a nossa.

Combater, de forma orgânica e complementar à própria criação-produção integrada, modos e modelos, que se constituam orgânicos, no sentido de combater a iliteracia teatral e acelerar o aumento de públicos com massa crítica exigente.

Consciente de que não é possível, por razões económicas, fugir à permanência maioritária de Recibos Verdes, está nos horizontes destas Linhas Programáticas tudo fazer para terminar com  precariedade no sector. Num primeiro passo, procurando integrar preferencialmente os que tenham escolhido o Estatuto do Trabalhador Cultural. Mas indo mais longe, até porqque (mesmo minorando alguns problemas), entendemos que o entendimento matricial da profissão do actor e do técnico operacional carece da sua integração num Estatuto de Trabalhador por Conta de Outrem, mesmo com a salvaguarda de algumas das suas excepcionalidades. E é para aí, num quadro (legislativo e laboral que ultrapassa a vontade, mas que com vontade por ele se lutará) que entre os desígnios antes enunciados, mesmo que antes de chegar à construção da tal (pequena) Companhia, se quer transformar em francamente maioritária a contratação de trabalhadores da Seiva Trupe.

Além dos espectáculos com carreira, pensa-se que – e desde já – a Companhia deve procurar preencher o espaço temporal entre eles, com múltiplas iniciativas performativas, que nem sequer obedecem à ideia de carreira e se assumem como actividades isoladas, a mais das vezes orientadas para segmentos muito específicos de ‘mercado’. De forma a garantir uma presença pública regular da Seiva na cidade e como instrumento de captação desses mesmos nichos, a prazo, para o fluxo de público (crescente) das chamadas ‘montagens de fundo’.

No mesmo sentido, a Companhia procura ter uma oferta, gradual, de formas de ‘para-teatro’, seja no capítulo da animação, seja no da integração comunitária de segmentos marginalizados social ou psicologicamente. Com a humildade de saber que não se tratando do seu saber próprio, apenas se disponibiliza para integrar e/ou cooperar com programas desenhados de forma pedagógica e sociológico-científica  nesses sectores. Fá-lo afirmando, sem demagogia, que também aí, um parte da opção, tem a ver com conquistas de públicos e não mera solidariedade social.

Com preocupação de alargar o seu círculo de actuação – e como parte integrante da sua política de circulação – a Companhia propõe-se, até final de 2024, ter, pelo menos, 12 protocolos assinados com as autarquias da Área Metropolitana do Porto ou suas vizinhas limítrofes (é aquilo a que temos chamado uma ‘digressão interna’ que começou pela cidade e se alastra à mancha da sua Área mais vasta de Metrópole ‘poli-composta.’ E que a esses protocolos, se junte,  a aplicação de sinergias inclusivas contraindo a ideia de ‘isolamento em ilha’, pelo menos outros tantos, seja com cooperativas, seja com empresas, seja com pólos de ensino e escolas, seja com outras organizações e organismos institucionais e/ou companheiras de trabalho artístico, aliás, número de que já ultrapassa em 50% os que tem em Março de 2023.

Cumpridos estes objectivos supra-mencionados no parágrafo anterior – sem descurar a continuidade do seu crescimento – tem como ideal (não o pomos como desígnio a cumprir, mas somente forte vontade em o tentar) repetir a experiência junto da diáspora portuguesa no Mundo. Para levar a experiência portuguesa a outros portugueses deslocados e como contributo de internacionalização do teatro português, seja como forma de apreender do exterior novos modelos, modalidades e experiências.

A nossa ideia de circulação não abrange programaticamente a ideia do ‘nacional’ (o que não impede a apresentação de espectáculos noutras zonas, mas sem ser uma procura sistematizada), mas do local primeiro e do internacional-local depois, com a diáspora.

A gestão da Seiva Trupe é feita, de um ponto de vista económico-financeiro que lhe permita uma “folga” de dois ou três meses que garantam as despesas mínimas de custos de estrutura de natureza material, contando em um ou dois deles cerca de 70% de custos de Recursos Humanos. É graças a esta cautela que em situações-limite, pode gerir entre 60 a 90 dias as crises geradas, sem que tenha de se extinguir. Mas não pode, naturalmente fazer mais do que isso, senão aguardar para retomar actividade criativa e produtiva.

Do ponto de vista orçamental, tem um sistema de ‘decréscimo’ para ‘abater’ ao valor destinado a uma actividade o que vai sendo gasto, seno considerado que se o desvio orçamental atinge 10% do previsto por rubrica, se procede de imediato a correcções, justamente com o mesmo fito de não se ver ‘de corda na garganta’ em cima da hora. E para o reforçar, a gestão de custos (incluindo remunerações de artistas ou técnicos externos à estrutura de base) é feita ‘à inglesa’: por semana e não mês.

Para além destes aspectos gerais, em termos de recursos humanos contratados, não ‘se permite’ que estes, se distanciem além de 5 a 10% mais na direcção aos que são pagos aos artistas em idêntico escalão. E cada um destes diferencia-se do anterior numa perspectiva em que a experiência é um dos factores mais relevantes. E do máximo para o mínimo (incluindo de um estagiário) nunca ultrapassa a proporção de 1 para 3, sensivelmente.

Um outro aspecto importante da gestão, no que toca ainda a recursos humanos, é o absoluto equilíbrio entre pagamentos igualitários (por isso foi até premiada, conforme consta no Historial) entre géneros.

Por outra parte, procura – cada vez mais – diminuir a sua dependência do apoio da Administração Central, tendo como fonte de receita cada vez mais significativa (dado o seu constante crescimento de público) a bilheteira. Mesmo assim, procurará que este crescimento seja também alcançado através de igual crescimento de parcerias e apoios, notoriamente no que se refere às Autarquias. Não para ‘poupar’, mas para, na proporcionalidade entre ‘funndo de garantia’ (referido) e despesas feitas, este se mantenha, mas permita não só corrigir o baixo nível de pagamento nos recursos humanos, como também nos custos de montagem; mas, nesta fase imediata, sobretudo na divulgação para incrementar os crescimentos na bilheteira, quer para servir uma maior fatia da comunidade, quer para repercutir o facto na continuidade da tendência de crescimento económico.

Apresentadas as Linhas Programáticas assim em coisas concretas, importa relembrar que é matriz identitária do Respeito pelo passado, três coisas muito simples, mas vitais, pelo menos até os propósitos antes enunciados estarem cumpridos: não perder de vista que a Seiva Trupe nunca foi, não é e não vai passar a ser um ‘projecto de autor’; de par permanecerá fiel à ideia de que não há teatro sem a presença simultânea e física de actor e espectador no mesmo espaço físico concreto e não virtual; procurar estar sempre no caminho da vanguarda (num sentido de antecipação do amanhã, não numa asserção elitista ou descomprometida de que sem público nunca chega a haver verdadeiramente teatro) e que se os tempos mudam na forma (e julga-se que isso é já visível), é imutável no sentido de estar um passo à frente do que é ‘moda’ ou costume, sem se render ao ‘mainstream’. Sabendo e querendo manter o princípio intocável, a Companhia sabe que a singularidade de cada estrutura é o que faz a pluralidade em Arte, como um dos aspectos mais importantes, prioritário, desta. Do mesmo passo, sente que a afirmação das suas singularidades não são apenas um direito que lhe assiste numa sociedade livre e democrática, mas o garante da própria pluralidade na diversidade dos demais. Por isso, do que a diferencia, recusa-se a abrir mão. Sabemos muito bem porque queremos o que queremos e temos consciência para onde queremos ir: tão acompanhados quanto possível, mas sem medo se formos poucos.

ATIVIDADE


Em cena
A Seguir

A SEIVA TRUPE


Historial
Linhas Programáticas

ARQUIVO


CARTAZES

PUBLICAÇÕES

Cadernos de Teatro
Vivo Com Seiva

SOBRE A HORA

Notícias

APROXIMAR

Contactos

Siga-nos

PARCEIRO

SEIVA TRUPE – TEATRO VIVO © COPYRIGHT 2023