Castro Guedes
Director Artístico da Seiva Trupe
11 de Setembro de 2023
Estreia de “O Canto do Cisne”
Discorrer sobre o que foi por dentro a Seiva Trupe nestes 50 anos é missão que não posso cumprir, deixando-a, se ele o entender fazer, mesmo que em síntese, para o Júlio Cardoso.
Da Seiva Trupe posso falar alguma coisa da sua gestação e do seu arranque até finais de 1976, porque depois, por dentro ou semi-por-dentro só volto a ela como encenador convidado em 1999, para ter um reencontro pleno no final de 2018, quando o Júlio me convida para passar o testemunho. Nestes intervalos, até por força dos períodos maiores se terem passado fora do Porto, apenas tive a oportunidade de ver um ou outro espectáculo.
No entanto, sempre soube e reconheci (mesmo publicamente) que não só o Júlio Cardoso foi o meu ‘Mestre Primordial’, sem o qual, muito provavelmente, era bem possível eu não ter ficado pelo teatro Assim como que a Seiva logrou, numa década ou menos, tornar-se a companhia portuguesa com mais público. E para isso contaram vários factores estratégicos, cujo esplendor se atinge com “Um Cálice de Porto”.
Compreendendo a sua razão de ser e a importância determinante para fazer da Seiva Trupe uma das principais 3 ou 4 referências mais emblemáticas da cidade do Porto e dela irradiando para o reconhecimento generalizado no país e além fronteiras. Mas “Um Cálice de Porto” é irrepetível no Porto de hoje. Por muito que se deva – e deve – respeitar o modelo matricial da Seiva (que nunca se quis um projecto de autor, mas antes eclético), este faz-se entre balizas, que representando exactissimamente o mesmo princípio, têm outras latitudes inter-geracionais, o que a História não perdoa; nem se repete. Ou quando se repete, como diria Engels, “da primeira vez como verdade, da segunda como farsa”.
SEIVA TRUPE – TEATRO VIVO © COPYRIGHT 2023